Além de ter uma cultura geral ampla, o candidato deve
refletir sobre problemas sociais e propor mudanças coerentes e exequíveis
Diferentemente
do que é cobrado na prova de redação de muitos vestibulares, o texto que o
estudante precisa produzir no Enem não exige conhecimento aprofundado sobre
algum fato recente, como os protestos que tomaram conta do país desde junho. A
proposta do Enem prioriza discussões mais amplas sobre temas sociais. Mesmo
assim, estar por dentro dos acontecimentos confere ao candidato um repertório
útil para a construção de argumentos consistentes, o que é essencial em um
texto longo, de até 30 linhas, como é exigido no exame.
Juvenil como temática provável, mas não
limitado apenas às manifestações de rua. “O tema já apareceu em outros dois
exames no início dos anos 2000 e neste ano tivemos a tragédia de Santa Maria e
o debate sobre a redução da maioridade penal, por exemplo. Há muito a se
explorar nessa linha”, diz Geronasso. O foco na juventude também seria coerente
com o histórico do Enem, que procura incluir nos enunciados das questões
assuntos conhecidos por quem está concluindo o ensino médio.
O
transporte público é outra forte possibilidade, segundo o professor Sérgio
Degrande Júnior, do curso Dom Bosco.foi o estopim dos protestos no meio do ano
e permitiria ao candidato muitas linhas de desenvolvimento para problematizar o
assunto, o que se encaixa bem naquilo que os organizadores da prova procuram.
“O que o Enem que é que o aluno discuta, debata e sugira uma solução para o
problema. O tema do transporte é ótimo para isso.”
Estratégia
A demanda
pro soluções também é destacada pelo professor Wellington Borges Costa,o Wella do
curso Positivo. Ele sugere ao candidato a estratégia de transformar o enunciado
em uma questão sobre a qual se deve falar e, no fim, responder. É preciso,
contudo, tomar alguns cuidados. Segundo Costa, não se trata de criar uma
pergunta binária cuja resposta seria apenas sim ou não, a favor ou contra. “Se
formos transformar o tema da redação em uma pergunta, seria mais adequado uma
pergunta do tico ‘como’. Por exemplo: como ampliar a inclusão digital?”,
explica.
Portanto,
é muito arriscado ao Candidato saber tudo sobre determinado fato recente e
relevante à história do país, mas ter pouco a dizer a respeito de outras áreas
sociais. Na redação do Enem, quem possui um cultura geral ampla sai na frente.
Domínio
Cinco
competências serão cobradas do candidato na redação e usadas como critério da
avaliação
- Demonstrar domínio da modalidade escrita formal.
- Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
- Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
- Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
- Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Correção
A
redação passará por dois avaliadores. Cada um atribuirá nota entre zero e 200
pontos para cada competência. A soma desses pontos comporá a nota total de cada
avaliador. Caso haja uma diferença superior a 100 pontos na nota final ou 80
pontos em uma das competências, o texto passará ór um terceiro corretor. Se a
discrepância de notas persistir, o texto será avaliado por uma banca.
Estrutura clássica deste gênero
Introdução
Apresente
o problema que tratará no desenvolvimento. Para isso, você pode descrever uma
cena cotidiana relacionada ao assunto ou citar uma notícia de jornal
Desenvolvimento
É
onde o avaliador buscará argumentos. Preocupe-se em explicar por que
determinado assunto é relevante e qual o problema a ser resolvido. Os textos
que precedem o enunciado da redação tendem a ajudar o candidato nessa
compreensão e trechos curtos deles podem ser usados para construir o
desenvolvimento. Em seguida, diga o que pode ser feito para solucionar a
situção. Fuja de propostas genéricas ou fantasiosas. Quanto mais concreta for a
sugestão, melhor. Lembre-se de citar os agentes da mudança sugerida. Evite
termos como “o governo”, que deixam a informação vaga.
Conclusão
É
hora de dar ao texto um tom de encerramento. Mesmo que as soluções já tenham
sido apresentadas, você pode retomá-las de forma resumida, vinculando-as
diretamente ao caso citado na introdução. A conclusão existe justamente para
que o texto não encerre bruscamente, deixando no leitor a sensação de que
faltou algo. Portanto, se algo ficou sem muita conexão, use a conclusão para
“amarrar” o que faltou.
Título
Seja
criativo e fuja do óbvio, aposte em jogos de palavras ou aproveite algo do caso
factual que usará como gancho na introdução. Um bom título anima o leitor a ir
adiante. Um título idêntico ao de vários outros textos desanima qualquer
avaliador.
Fontes: professores Marlus
Geronasso, Sérgio
Degrande Júnior e Wella. ( Gazeta do
Povo, 14/10/2013)