quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Redação do Enem exige soluções concretas

Além de ter uma cultura geral ampla, o candidato deve refletir sobre problemas sociais e propor mudanças coerentes e exequíveis

Diferentemente do que é cobrado na prova de redação de muitos vestibulares, o texto que o estudante precisa produzir no Enem não exige conhecimento aprofundado sobre algum fato recente, como os protestos que tomaram conta do país desde junho. A proposta do Enem prioriza discussões mais amplas sobre temas sociais. Mesmo assim, estar por dentro dos acontecimentos confere ao candidato um repertório útil para a construção de argumentos consistentes, o que é essencial em um texto longo, de até 30 linhas, como é exigido no exame.
 Juvenil como temática provável, mas não limitado apenas às manifestações de rua. “O tema já apareceu em outros dois exames no início dos anos 2000 e neste ano tivemos a tragédia de Santa Maria e o debate sobre a redução da maioridade penal, por exemplo. Há muito a se explorar nessa linha”, diz Geronasso. O foco na juventude também seria coerente com o histórico do Enem, que procura incluir nos enunciados das questões assuntos conhecidos por quem está concluindo o ensino médio.
O transporte público é outra forte possibilidade, segundo o professor Sérgio Degrande Júnior, do curso Dom Bosco.foi o estopim dos protestos no meio do ano e permitiria ao candidato muitas linhas de desenvolvimento para problematizar o assunto, o que se encaixa bem naquilo que os organizadores da prova procuram. “O que o Enem que é que o aluno discuta, debata e sugira uma solução para o problema. O tema do transporte é ótimo para isso.”
Estratégia
A demanda pro soluções também é destacada pelo professor Wellington Borges Costa,o Wella do curso Positivo. Ele sugere ao candidato a estratégia de transformar o enunciado em uma questão sobre a qual se deve falar e, no fim, responder. É preciso, contudo, tomar alguns cuidados. Segundo Costa, não se trata de criar uma pergunta binária cuja resposta seria apenas sim ou não, a favor ou contra. “Se formos transformar o tema da redação em uma pergunta, seria mais adequado uma pergunta do tico ‘como’. Por exemplo: como ampliar a inclusão digital?”, explica.
Portanto, é muito arriscado ao Candidato saber tudo sobre determinado fato recente e relevante à história do país, mas ter pouco a dizer a respeito de outras áreas sociais. Na redação do Enem, quem possui um cultura geral ampla sai na frente.


Domínio
Cinco competências serão cobradas do candidato na redação e usadas como critério da avaliação
  1.  Demonstrar domínio da modalidade escrita formal.
  2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
  3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
  4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
  5. Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Correção
A redação passará por dois avaliadores. Cada um atribuirá nota entre zero e 200 pontos para cada competência. A soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador. Caso haja uma diferença superior a 100 pontos na nota final ou 80 pontos em uma das competências, o texto passará ór um terceiro corretor. Se a discrepância de notas persistir, o texto será avaliado por uma banca.
Estrutura clássica deste gênero
Introdução
Apresente o problema que tratará no desenvolvimento. Para isso, você pode descrever uma cena cotidiana relacionada ao assunto ou citar uma notícia de jornal
Desenvolvimento
É onde o avaliador buscará argumentos. Preocupe-se em explicar por que determinado assunto é relevante e qual o problema a ser resolvido. Os textos que precedem o enunciado da redação tendem a ajudar o candidato nessa compreensão e trechos curtos deles podem ser usados para construir o desenvolvimento. Em seguida, diga o que pode ser feito para solucionar a situção. Fuja de propostas genéricas ou fantasiosas. Quanto mais concreta for a sugestão, melhor. Lembre-se de citar os agentes da mudança sugerida. Evite termos como “o governo”, que deixam a informação vaga.

Conclusão
É hora de dar ao texto um tom de encerramento. Mesmo que as soluções já tenham sido apresentadas, você pode retomá-las de forma resumida, vinculando-as diretamente ao caso citado na introdução. A conclusão existe justamente para que o texto não encerre bruscamente, deixando no leitor a sensação de que faltou algo. Portanto, se algo ficou sem muita conexão, use a conclusão para “amarrar” o que faltou.

Título
Seja criativo e fuja do óbvio, aposte em jogos de palavras ou aproveite algo do caso factual que usará como gancho na introdução. Um bom título anima o leitor a ir adiante. Um título idêntico ao de vários outros textos desanima qualquer avaliador.

                                                         Fontes: professores Marlus Geronasso, Sérgio Degrande Júnior e Wella. ( Gazeta do Povo, 14/10/2013)